Magia e Poder na Europa Medieval
O Circulo Mágico", pintura de 1886 de John William Waterhouse |
Olá Nerdievos, hoje trazemos até vocês um pouco sobre a
magia no medievo, relacionando com a imagem que as mulheres tinham para aquela
sociedade.
Quando conversamos a respeito de
magia, normalmente as pessoas expõem três respostas: isso tudo não existe, não
passa de charlatanice e farsa; magia, feitiçaria é coisa do Diabo, não é algo
de Deus. Essas respostas são reflexo da construção cultural e imagética que
ocorreu nos últimos 600 anos na Europa, pois nossas concepções de magia,
bruxaria e feitiçaria advém do modelo cultural europeu. Na antiguidade, a magia
se ajustava a um mundo no qual tudo se associava, por intermédio de relações
especiais construindo o universo dentro desse mundo a magia se relacionava com
a ideia de força. As leis romanas, desde as mais antigas, condenavam de modo
formal todo uso de magia com fins maléficos, uma vez que as enfermidades e a
morte se acreditava serem produzidos por atos mágicos, contudo a prática da
magia para benéfico de Grécia e Roma era permitido.
Feitiçaria
Durante
a Idade Média, através do novo alinhamento impresso no horizonte mental às
práticas mágicas, fica a feitiçaria relegada, do ponto de vista doutrinário, ao
domínio exclusivo do mal – passa do simplesmente imoral ou erótico universo da
antiguidade (negatividade ética da antiguidade contrário da coletividade) para
o pecado cristão medieval. A feiticeira possuía o monopólio dos poderes de cura
em virtude da desconfiança medieval com respeito à medicina, sendo assim
solicitada ou perseguida ao sabor das necessidades. Práticas que outorgavam à
sua “profissão”: “um agente de prazer”, uma servidora de Eros acima de tudo com
o seu “laboratório” em que se misturavam plantas com propriedades reais,
procuradas e utilizadas por uma coletividade que se move em um mundo de
vontade, de representações eróticas e de paixões desenfreadas.
Dentro
do imaginário medieval, a feitiçaria europeia encontra-se intimamente ligada à
existência de dois sexos – um dominante e outro dominado – e à tentativa deste
último de superar esta situação por intermédio de atividades simbólicas e
materiais. Assim, a ação da mulher aparece em termos carregado de um conteúdo
mágico e misterioso, demonstrado nas palavras “fascínio”, “encantadora” e
“sedutora”, frequentemente utilizadas para representar e exprimir a ação da
personagem feminina.
Feitiçaria ligada a mulher
Na
Idade Média, as mulheres foram pouco ou quase nada contempladas pela
historiografia, o que lhes deu pouca visibilidade nos estudos sobre o período,
visto que os possuidores do monopólio da escrita dessa época, homens, padres e
moralistas, construíram uma única imagem do elemento feminino, a mulher foi
vista como uma figura perigosa e diabólica.
A
feitiçaria medieval relaciona-se, em grande medida, as aldeãs curandeiras, as
mulheres solitárias e velhas supersticiosas que causavam desconfiança e receio
no meio social no qual estavam imersas e que, embora houvesse alguns casos de
repressão violenta, mas além dos registros oficiai, a literatura medieval
cortesã também transmitiu imagens a respeito da crença, bastante difundida, nas
entidades mágicas femininas que habitavam o imaginário das pessoas de alto a
baixo da sociedade medieval.
Na
consulta a feitiçaria está implícita a característica essencial dos homens
medievais: a busca de soluções para seus problemas. Em uma sociedade onde o seu
modo de vida já era condenado criminal ou moralmente, essas mulheres buscavam a
feitiçaria, que lhes proporcionavam um oficio e uma esperança em seu meio
social.
A
Igreja, usando o discurso histórico factual, desenvolveu uma argumentação
teológica que deu suporte a esse processo, os papéis sociais de gênero foram
determinados por uma moral edificada na definição do corpo feminino, de acordo
com a ótica da Igreja Católica. Isso fez surgir, nos discursos da História
Medieval, a figura de Eva, a pecadora. A herança cultural da Igreja Católica,
mesmo no século atual, ainda reproduz essa coletânea de ideias sobre a mulher.
REFERÊNCIAS
NOGUEIRA, Carlos Roberto
Figueiredo. Mentalidade magica e poder
na cristandade ocidental. In. OLIVEIRA,Terezinha. Org. Luzes sobre a Idade
Média. 2002.
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