A peregrinação na Idade Média

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O Peregrino, pintura de H. Bosch 

Olá Nerdievos, hoje trazemos até vocês um pouco a respeito das peregrinações, vamos procurar compreender as motivações e os itinerários de um peregrino dos séculos XII e XIII.



Peregrinação na Idade Média

A religiosidade do homem medieval manifestava-se, entre outras coisas, através de romarias e peregrinações aos lugares considerados santos. Uns eram mais importantes que outros e atraíam, por isso, maior número de pessoas.
O termo "Peregrino" aparece em nossa língua na primeira metade do século XIII, para denominar os cristãos que viajavam a Roma ou à Terra Santa para visitar os lugares sagrados, às vezes como castigo auto-imposto com o objetivo de pagar determinados pecados e outras vezes para cumprir penas canônicas.
O peregrino escolhe se tornar um estrangeiro e é assim que ele é percebido nos lugares onde passa, nos primeiros séculos da Idade Média, a viagem penitencial é mais importante que que o destino da viagem, e é na época carolíngia que a andança errante penitencial, sem objetivo, cede lugar em proveito da peregrinação a um lugar fixo antecipadamente regida por critérios escrito.  Existem uma grande importância por trás dessas andanças, pois elas permitem estruturar uma região e desenvolver uma solidariedade entre aldeias vizinhas.
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As grandes peregrinações, fazem provar fisicamente, no próprio corpo dos peregrinos exaustos, a unidade da cristandade, embora seja visto como estrangeiro ele sempre pode encontrar asilo em terra cristã, como igrejas. Eles podem partilhar diferentes culturas e línguas incompreensíveis em sua jornada. Além disso na Idade Média, a peregrinação não é apenas um deslocamento material; ela também é uma metáfora fundamental: toda vida na terra é pensada como uma peregrinação.
Desses peregrinos surgiria mais tarde a ideia das Cruzadas, enviadas para "reconquistar" os lugares que os cristãos consideravam sagrados e que estavam em poder de povos de outras religiões.
Durante a Idade Média, as peregrinações se tornaram como que uma metáfora, relacionando a jornada humana, por um lado, à salvação e, por outro, à busca de Deus e da vida eterna. Assim, enquanto percorria caminhos inóspitos por esse mundo, a pessoa em peregrinação acreditava que também diminuía a distância que a separava de Deus.
No caso das peregrinações cristãs, elas remontam aos primeiros séculos da Igreja e, originalmente, tinham como ponto de chegada destinos considerados sagrados, como a Terra Santa, por exemplo, onde se encontra o Santo Sepulcro, local que, segundo a fé cristã, Cristo fora sepultado, ressuscitando posteriormente. Mais tarde, outras localidades, túmulos de Santos, por exemplo, como os de Pedro, Paulo e Tiago, também assumiam o status de locais sagrados, incentivando a existência de um número cada vez maior de peregrinos. Entretanto, de todos os centros medievais de peregrinações, os principais eram mesmo os caminhos que levavam a Roma, a Jerusalém e a Compostela.
sao_jeronimo Quanto à Igreja, num primeiro momento ela parece dúbia em relação à prática. Por um lado, o patriarca São Jerônimo é um dos primeiros exemplos de incentivo às peregrinações, assegurando que era um verdadeiro ato de fé orar onde os pés de Cristo tivessem pisado. Ele mesmo, após se transferir para a cidade de Belém, costumava receber, seguidamente, caminheiros em sua cela, oriundos das várias procissões que por ali passavam. Eram muitos os viandantes que se dirigiam ao seu claustro, com o intuito de lhe render homenagens. Por outro lado, nem todos consideravam válidas as peregrinações.
Portanto, aos poucos, a Igreja passaria a endossar o costume das peregrinações. De fato, assim procedia a Igreja. Sempre avaliando, julgando e adequando costumes à sua lei, de modo que, depois, pudesse fazer com que aqueles mesmos costumes servissem aos seus propósitos. 
Nesse sentido, as peregrinações acabaram por constituir um eficiente instrumento para o estabelecimento da Cristandade por quase toda Europa.

Referências:
FRANCO JÚNIOR, Hilário. Peregrinos, Monges e Guerreiros: feudo-clericalismo e religiosidade em Castela medieval. São Paulo: Ed. Hucitec, 1990.
NASCIMENTO, Renata Cristina de Sousa. Relíquias e Peregrinações na Idade Média. In.: SILVA, Paulo Duarte; NASCIMENTO, Renata Cristina de Sousa. Ensaios de História Medieval: Temas que se renovam. Editora CRV, Curitiba - Brasil, 2019.


             















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