Os Torneios Medievais
Henrique I, conde de Alsácia e príncipe de Anhalt (c.
1170-1252), participa de um Buhurt: “...jogo de guerra praticado durante o
intervalo das campanhas militares. Nele, grupos de cavaleiros lutam entre si,
para manter a forma e também exercitar os reflexos. O quadro mostra a luta
decisiva, travada às portas do castelo, e que levará à vitória neste simulacro
de batalha”. In: COSTA, Ricardo da, 2003. Codex Manesse, imagem 8.
Ola Nerdievos, hoje
trazemos até vocês um pouco a respeito dos torneios medievais.
Torneio
medieval (ou Justas) é o nome popular dado às competições de cavalaria ou
pelejas por diversão da Idade Média e Renascimento (séculos XII ao XVI). Esses
torneios eram combates travados com armas especialmente modificadas para
minimizar ferimentos. O cavaleiro tinha que derrubar o oponente com um golpe de
lança numa arena sem cair do seu cavalo. Realizadas em momentos de paz, as
justas ajudavam a manter o treinamento do cavaleiro e lhe permitiam manifestar
sua bravura fora da guerra, e serviam também como divertimento da aristocracia
cortesã da Europa medieval.
As
simulações de batalhas entre cavaleiros começaram no século X e foram
imediatamente condenadas pelo segundo Concílio de Latrão, sob o Papa Inocêncio
II, e pelos reis da Europa, os quais se opunham aos ferimentos e mortes de
cavaleiros no que eles consideravam uma atividade frívola. Os torneios
floresceram, entretanto, e se tornaram parte da vida do cavaleiro.
Tornaram-se mais
elaborados com o passar dos séculos. Eles se tornaram importantes eventos
sociais os quais atraiam patronos e competidores de grandes distâncias. Arenas
especiais foram construídas com arquibancadas para espectadores e pavilhões
para os combatentes.
Cavaleiros
continuavam a competir individualmente e também em equipes. Eles duelavam entre
si usando uma variedade de armas e simulavam batalhas corpo-a-corpo com muitos
cavaleiros de cada lado. Disputas envolvendo dois cavaleiros lutando com lanças
se tornaram o principal evento. Os cavalheiros competiam, como atletas
modernos, por prêmios, prestígio e olhares das damas que enchiam as
arquibancadas.
Numa
época em que a guerra era um importante mecanismo de coesão social propiciando os meios de sobrevivência de
cavaleiros e reforçando a identidade dos grupos, clãs e tribos, esses combates
eram vistos também como uma oportunidade para resolver pendengas entre inimigos
e, em alguns casos, uma forma de recuperar a honra ferida por alguma ofensa.
Por
volta do século XIV, os torneios tornaram-se eventos tão sofisticados que
incluíam festas, bailes, banquetes e outras cerimônias. Eram excelentes
ocasiões para jovens cavaleiros encontrarem beldades, filhas da aristocracia,
selando alianças pelo casamento entre poderosas famílias feudais. Mas, com a
disseminação do uso da pólvora no Ocidente, as justas entraram em decadência –
as armas de fogo mudaram drasticamente a maneira de lutar e o avanço da
tecnologia militar tornou obsoletas as pesadas armaduras usadas pelos
cavaleiros do período medieval.
Referência
CARDINI, Franco. O guerreiro e o cavaleiro. In: LE GOFF, Jacques. O Homem Medieval. Lisboa: Editorial Presença, 1989. p. 57-78
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